Festas dos Santos Populares em Lisboa, Portugal.
Num carnaval fora de época! É assim que me sinto todas as vezes que vou à festa dos santos populares em Lisboa. Todo o mês de junho, a Capital Portuguesa veste-se linda e deslubrante para as festas populares. Por toda cidade vemos apresentações de músicas, teatros, dança, mostras, visitas guiadas aos monumentos da cidade, feiras, em sua maioria eventos gratuitos ao ar livre espalham-se pela capital neste mês. Quem vem a Lisboa em junho desavisado encontra uma cidade viva, cheia de cores e alegria por toda parte.
O dia 12 de junho, dia dos namorados no Brasil e véspera de dia de Santo António em Lisboa, é a festa mais esperada do ano por muitos portugueses. É quando iniciam-se as comemorações dos santos populares, em especial de Santo António, escolhido pelo povo como padroeiro da cidade, o santo casamenteiro é o mais querido de todos os santos.
Por este motivo, durante o dia, no bairro da Sé, 16 casais alfacinhas apaixonados casam-se numa grande festa coletiva transmitida ao vivo para Portugal e para o mundo. As bodas são patrocinadas pela câmara municipal de Lisboa e é uma grande honra ser uma noiva de santo António. Resta-me saber se cada uma das noivas realmente recebeu um vaso de manjerico quando o noivo a pediu em casamento. Sim, antigamente quando um rapaz queria casar-se com uma moça, ele entregava um vaso de manjerico para ela como símbolo da intenção de casar-se. Por isso, principalmente no dia 12 de junho, é comum vermos vasos e vasos de manjericos sendo vendidos em barraquinhas espalhadas por alfama, com uma flor colorida feita de papel crepon espetada entre as folhas juntamente com uma plaquinha contendo uma quadra popular escrita, que os namorados oferecem para suas namoradas como presente. A tradição manda que as meninas cuidem do manjerico durante 1 ano e muitos deles são colocados nas janelas na noite do dia 12, pois diz-se que para cuidar do manjerico é “regar e pôr ao luar”.
que tens tu de especial?
Só sei que na tua festa
há alegria no arraial
A noite inicia-se com o desfile das marchas que é feito por toda a Avenida da Liberdade (uma das mais importante da cidade). O desfile é muito bonito, cheio de cores e tradições. Mas o que me encanta mesmo é o trajeto que fazemos desde o Marquês de Pombal até o Castelo de São Jorge a pé. A cidade lotada, cheia de gente de todas as idades e nacionalidades, viva e cheia de música.
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Assim como em alguns carnavais pelo Brasil, as pessoas colocam músicas nas casas e as caixas de som viradas para a rua, compartilhando a alegria com todos que passam. Ouve-se de tudo, até música brasileira. Mas curioso ainda são as músicas “pimbas” -uma música com uma letra aparentemente inocente, mas que tem duplo sentido e as mentes menos “inocentes” decifram-na logo que ouvem. É muito animada e parece que os portugueses sabem todas elas de cor e as cantam em pleno pulmões para que todos que estão a passar na rua ouçam.
“quero cheirar teu bacalhau, Maria
quero cheirar teu bacalhau
Mariazinha deixa-me ir à cozinha
Deixa-me ir à cozinha
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Pra cheirar teu bacalhau”
Ao chegar ao pé da igreja de Santo António e da Sé, começamos a ver as ruelas e as barraquinhas todas enfeitadas com muitas cores vivas. Das barraquinhas pode-se beber imperiais (cerveja de pressão) a apenas 1€ e o cheiro das sardinhas começa a invadir todo o bairro. São sardinhas feitas na churrasqueira, entremeadas, asas de frango e tudo com sabor de quero mais. Porém, a rainha da noite é mesmo a sardinha! E não é à tôa que o símbolo das festas de Lisboa são as sardinhas estilizadas que podemos ver nos cartazes espalhados pela cidade.
Andar, andar e andar! Ir do marquês até o castelo e descer para o campo das cebolas através das ruas lindas, enfeitadas e cheias de gente animada no bairro de alfama, esse é o itinerário que fazemos em todas as festas dos santos populares. Parece muito, mas com tanta festa e tanta alegria, nem sentimos quando o tempo passa. Este ano, decidimos ir até a praça do comércio e encontramos uma tenda com Djs tocando até a nossa querida Ana Júlia dos Los hermanos. Foi sensacional, pois não estávamos à espera que na praça tivesse algo. Mas este ano a cidade estava mesmo cheia de gente, a festa foi linda, tão linda, que nem notamos o sol a raiar e a dizer que um novo dia havia chegado.
Calendário festas de Lisboa disponível no site da EGEAC:Imagens reprodução.
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