Empresas na Europa investem em produtos diferenciados e têm preços mais acessíveis que os do Brasil
Doença celíaca (intolerância ao glúten) e intolerância a lactose (açúcar do leite) são exemplos de alergias alimentares que se tornaram mais comuns e, consequentemente, mais conhecidas no Brasil nos últimos anos. Ainda não existem dados oficiais para essas intolerâncias, mas em uma pesquisa publicada pela Universidade Federal de São Paulo em 2005, por um estudo feito com adultos doadores de sangue, o resultado apresentou uma incidência de um celíaco para cada grupo de 214 moradores da cidade de São Paulo. E a estimativa da Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil é de que mais de um milhão de brasileiros são alérgicos ao glúten e não sabem.
A dificuldade do diagnóstico é um dos impasses para aqueles que não produzem enzimas suficientes para digerir o açúcar do leite ou, então, para quem o organismo identifica a proteína do trigo, por exemplo, como inimiga. Mas mesmo depois do diagnóstico os desafios continuam nas prateleiras dos supermercados ou nos bares e restaurantes. A diversidade de produtos ainda é pequena e muitos deles chegam do exterior com preços bem acima dos tradicionais. Pela facilidade da distribuição dos produtos e por abrigar mais empresas que investem nesse mercado de alergia alimentar, a Europa pode ser uma vantagem para que quem precisa fazer dietas restritivas.

Foto: Reprodução
Facilidades na Irlanda
Em Dublin, é fácil encontrar nos supermercados uma seção de alimentos sem glúten e lactose. Algumas redes de supermercado também fabricam pães, biscoitos e chocolates para esse público e, por isso, é possível encontrar os produtos por um preço mais em conta. Os pães, por exemplo, custam menos de 3 euros. Variedade de biscoitos e bolos também estão disponíveis por menos de dois euros.
Na capital Irlandesa também já está em andamento o projeto de aplicativo para celular, chamado Applergy, criado pela brasileira Vanessa Montanha, juntamente com um grupo de estudantes de graduação do curso de Tecnologia da Informação. O objetivo é ajudar pessoas com os mais diversos tipos de alergias alimentares a encontrar restaurantes que atendam especificamente cada tipo.
De acordo com informações da Coeliac Society of Ireland, uma em cada cem pessoas tem doença celíaca no país. Visando esse público-alvo, além dos supermercados, há diversos restaurantes e lojas especializados espalhados pela cidade. A The Hopsack é uma delas. Finn Murray, um dos proprietários, conta que é possível encontrar mais de 6.400 produtos orgânicos, gluten free, ou naturais integrais, além do pequeno buffet de comida vegetariana e da sessão de frutas e legumes. A loja conta com uma nutricionista e funcionários capacitados a dar conselhos e orientar os clientes quanto à escolha dos produtos. Os preços são um pouco mais elevados que os dos artigos comuns, mas, nem se compara ao que se pagaria no Brasil.
Atenção ao mudar a dieta
A nutricionista Gabriela Guedes Motta alerta que produtos sem glúten não ajudam a emagrecer e, portanto, não devem ser utilizados por quem quer perder peso ou manter uma alimentação saudável. Segundo ela, uma alimentação saudável deve ser balanceada e não restritiva.
Já quem precisa selecionar os alimentos em função de alguma intolerância deve ficar atento ao fazer substituições. A dica é contar com a ajuda de um nutricionista para ter certeza de que não vai deixar de fora nenhum item necessário para uma vida saudável.
Esse texto teve contribuição de Luz Pereira
Leia também:
- Prato típico de Portugal chama atenção pelo nome e faz sucesso pelo sabor
- Celíaco completa 1000 dias de viagem volta ao mundo
-
Europa muda regras para destacar ingredientes que podem provocar alergia alimentar