Na cama com um estranho – Laos

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Já posso te dizer de cara que o Laos foi uma das melhores surpresas que eu tive no sudeste asiático. Na Tailândia tomei um trem noturno em Bangcoc com direção Vientiane, a capital laociana. Logo na fronteira, enquanto esperava meu visto ficar pronto, conheci Philipp, com quem acabaria fazendo meu roteiro completo naquele país. Essa já foi a primeira ótima surpresa.

Cheguei em Vientiane sem grandes expectativas, queria me deixar levar e curtir tudo de forma bem descontraída. Aliás, essa região do planeta tem uma vibe ideal pra isso. Embora alguns lugares já sejam mega populares, repletos de turistas, ainda é possível ter experiências bem particulares e marcantes.

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É até difícil de falar o que torna o Laos um país tão fascinante. Talvez as belas cachoeiras, a vida ao longo do rio Mekong, as várias cavernas – ai, imagine você entrar numa delas, andar meia hora no escuro total, só com lanternas, e ainda não chegar ao fim! – ah, tem os mercados, os templos, descer o rio numa câmara de ar de pneu de caminhão…  e claro, as inúmeras pessoas bacanas que você encontra pelo caminho.

Maaass, uma hora eu tive que seguir viagem. Philipp também. Ele  pro norte, eu pro sul, Camboja. Na agradável Luang Prabang fui à agência e reservei meu ônibus de volta pra Vientiane. Leito! Afinal, passar mais de dez horas numa poltrona de ônibus, tendo uma cama: sem chance!

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Ainda meio melancólico depois da despedida, fui levado pontualmente pelo tuk-tuk à estação. E lá estava meu ônibus. Massa! Vamo’ nessa! Fui um dos primeiros a embarcar. Estranho que cada cama tenha dois números… Nossa! E ainda mais estranho esses casais que dividem uma cama tão pequena. Opa! Não são todos casais! Ai, meu Buda! Não pode ser o que ‘tou pensando! Mas é! A cama é pra duas pessoas. A cada pessoa que entrava no ônibus meu coração saltitava. “Esse cara não! Por favor! Não… Essa aí, hum, talvez ok, parece limpinha… Oh! Esse é um gato! Mas a dele é a A22.” Gente, sério! Pode soar meio preconceituoso, mas não é bem por aí. Imagine você dividir a cama com um estranho, numa viagem cheia de curvas e buracos! Não faria diferança quem está ao seu lado?! Vamo’ combinar! 

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Quase todas as camas já estavam completas. A minha ainda não. Muita expectativa… Eis que ele surge. Sem cerimônia, apenas um ligeiro contato visual comigo, subiu na cama e se acomodou. Tanta expectativa, pra nada. No entanto, achei sua atititude agradável. Afinal o estranho ali era eu e em momento algum ele mostrou-se incomodado com minha presença. Não demorou até ele cair no sono. Eu passei ainda muito tempo colado naquele janelão, apreciando o céu estrelado e sendo cachoalhado entre uma curva e outra.

Ai, Laos, um dia eu volto.

Fotos: Arquivo Eduardo Xerez

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